Foi devagar que o vento abriu uma fresta entre as folhas da janela do quarto. Também foi de forma leve que a luz dourada do sol cobriu a parede nua e anunciou um pôr-do-sol. Lentamente, algumas folhas caíam das árvores do lado de fora da casa e, de maneira sutil, uma passarinho disse "bem-te-vi" à menina que estudava.
Exatamente a cada minuto, os ponteiros do segundo de um relógio ao lado dela insistiam em dar voltas completas. A parede de seu quarto ia ficando cada vez mais dourada e cada elemento compunha de forma delicada uma harmonia diferente do que era o costume daquele local.
Até que toda aquela cadência de sutilezas irritou a menina.
Fechou a janela e as cortinas de maneira brusca. Jogou o relógio no chão e sorriu ao ver os estilhaços do estrago que causara. Ligou o rádio fora de sintonia. Preferia o chiado que ela regulava ao silêncio que invadia aquele ambiente sem lhe pedir licença. Não quis saber do pôr-do-sol. Tampouco sabia o que queria. A única certeza que tinha era que aquela paz não pertencia ao seu quarto e, por isso, precisava expulsá-la.
Quando conseguiu, respirou tranquila. Voltou a estudar. Mas com o rádio ligado e sob a luz da lâmpada fosforescente.
Obs: imagem retirada do site: http://estacaonerd.blogspot.com/
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
"O Amor...
É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"
Cecília Meireles.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Silêncios
"E, por outro lado, respeito uma certa clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra nenhuma. E também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo d´água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara. Se jamais a água ficar limpa, pior para mim. Aceito o risco", Clarice Lispector.
Sempre tive o hábito de querer destrinchar cada fio de pensamento, de esmiuçar cada bloco de sentimento que me pesasse no coração, pensar e repensar cada diálogo na esperança de encontrar uma pista, qualquer resquício de. (?) que tivesse passado despercebido.
Mas tenho aprendido que o silêncio é também um instrumento de resposta. Talvez não seja dos mais delicados, mas, sem dúvida, é dos mais sinceros.
Essa aprendizagem é comparável e um processo de desintoxicação. Espera-se uma resposta como que espera pelo objeto do vício e, quando ela não vem, é com ansiedade que se procura pelos meios de obtê-la. Venha ela como vier - seja uma mentira, uma desculpa,..., até mesmo uma vírgula parece ser mais dotada de significados que o silêncio. Mas há que se sobreviver ao período de abstinência de palavras.
O grande problema do silêncio é que ele comporta um infinidade de significados.
Porém, é necessário compreendê-lo. Ou, mais do que isso, deve-se respeitá-lo. (Escrito por mim em 06.01.08)
Sempre tive o hábito de querer destrinchar cada fio de pensamento, de esmiuçar cada bloco de sentimento que me pesasse no coração, pensar e repensar cada diálogo na esperança de encontrar uma pista, qualquer resquício de. (?) que tivesse passado despercebido.
Mas tenho aprendido que o silêncio é também um instrumento de resposta. Talvez não seja dos mais delicados, mas, sem dúvida, é dos mais sinceros.
Essa aprendizagem é comparável e um processo de desintoxicação. Espera-se uma resposta como que espera pelo objeto do vício e, quando ela não vem, é com ansiedade que se procura pelos meios de obtê-la. Venha ela como vier - seja uma mentira, uma desculpa,..., até mesmo uma vírgula parece ser mais dotada de significados que o silêncio. Mas há que se sobreviver ao período de abstinência de palavras.
O grande problema do silêncio é que ele comporta um infinidade de significados.
Porém, é necessário compreendê-lo. Ou, mais do que isso, deve-se respeitá-lo. (Escrito por mim em 06.01.08)
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Sem mistério
Perguntei a ela qual era o segredo para manter-se casada por mais de 30 anos, se ela nunca tinha pensado em se separar. E ela respondeu:
- Eu já mandei ele embora. Ele que não foi.
- Eu já mandei ele embora. Ele que não foi.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Preguiça
Por que a cama sempre fica mais confortável na hora de acordar? Pela milésima vez ela pensou: preciso levantar!
- Já disse, travesseiro, tenho que ir!
Fazia tempo que o despertador tocava, mas a moça não conseguia sair. Tinha um mundo de coisas para resolver lá fora. (Uns projetos por acabar, um ponto para bater, uns problemas para tentar solucionar,...). Mas a cama insistia em segurá-la.
- Já chega! Dessa vez é sério. Vou levantar! - Pensou resoluta - Mas, se já estou atrasada, cinco minutinhos a mais não fariam a menor diferença...
Até que levantou. Começou a arrumar a cama e... não resistiu, deitou de novo. "Só mais um pouquinho. Eu ando tão cansada... mereço um pouco mais de descanso".
- Menina, tu não tens aula hoje? - perguntou a mãe, que, de supetão, entrara no quarto.
Acabou a enrolação.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Um quase soneto em meia hora
Olhe-me nos nos olhos
Materialize em palavras o indizível
Conquiste-me
Depois esqueça o que cativou
Como tudo nessa vida
Seja passageiro
Pegue suas coisas
Desça na próxima estação
Passam pelas janelas as paisagens
E nossas mãos que outrora se entrelaçavam
Agora tocam outras mãos
Vamos em boa hora
Novas histórias nos esperam
E nossa única certeza é o Devir
Materialize em palavras o indizível
Conquiste-me
Depois esqueça o que cativou
Como tudo nessa vida
Seja passageiro
Pegue suas coisas
Desça na próxima estação
Passam pelas janelas as paisagens
E nossas mãos que outrora se entrelaçavam
Agora tocam outras mãos
Vamos em boa hora
Novas histórias nos esperam
E nossa única certeza é o Devir
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Coleta Seletiva
Um saco plástico para o lixo orgânico e outro para o reciclável: é só o que a estudante de direito Vilani Nascimento de Almeida precisa para fazer a coleta seletiva. Cansada de esperar por uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Belém, ela decidiu separar o que iria descartar e levar, uma vez por semana, para a ONG "No Olhar", que é especializada na coleta de materiais recicláveis. Cerca de 10 mil toneladas de lixo são produzidas todos os dias no Pará, mas apenas 1,5% deste total é reciclado, segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental no Pará (Abes/PA).
A coleta seletiva, para muitos, parece uma tarefa complicada. Mas o coordenador da ONG No Olhar, Marcos Wilson, garante que ela pode ser feita de maneira prática e funcional. Basta separar embalagem e restos dos alimentos. Para ele, boa vontade é o que não falta à população paraense. Em 2008, ele resolveu fazer um "experimento" e convidou algumas pessoas para levar os resíduos sólidos domiciliares para o local onde hoje funciona a ONG, na rua Riachuelo, esquina com a travessa Padre Eutíquio. "No começo, apenas um grupo de amigos levava o material. Hoje, recebemos em torno de sete pessoas por dia. Aos sábados, são mais de 20", contou.
Se, quando a ONG começou, era necessário de dois a três meses para juntar uma tonelada de lixo reciclável, hoje, é preciso um pouco mais de uma semana para isso. Na última doação que recebeu, a entidade arrecadou mais que o dobro desta quantidade. Para Marcos, a coleta seletiva feita pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) não condiz com a realidade da cidade. "A população quer resolver o problema do descarte, mas não existe incentivo do poder público para isso", opinou. Ele explicou que a proposta da "No Olhar" é reduzir a quantidade de material sólido despejado no Aurá e gerar renda para comunidades em situação de risco.
COLETA
Dentre os beneficiados pelos serviços prestados pela ONG está a Associação de Recicladores das Águas Lindas (Aral). Marcelo Rocha da Silva, coordenador da associação, informou que os 63 catadores que fazem parte da Aral recolhem em torno de cinco toneladas de material reciclável a cada sete dias. Cada um ganha, em média, R$ 50 por semana para coletar vidro, plástico, papel e metal. Ele defendeu que a coleta seletiva pode ser uma alternativa de renda para várias famílias. "Uma forma de aumentar o ganho dos que trabalham com a coleta de lixo é aumentar a adesão da sociedade ao sistema. Quando uma pessoa passa a separar o lixo é como se ela adotasse uma família", alegou.
Ele disse acreditar que os paraenses não realizam coleta seletiva apenas porque não há um programa para dar a destinação correta ao material. "O poder público diz que a população não quer fazer a seleção, mas isso não é verdade. As pessoas só não separam o lixo em casa porque sabem que ele será misturado nos caminhões que fazem a coleta", opinou.
SESAN
Todos os dias, a Sesan recolhe em torno de 700 kgs de resíduos sólidos por meio da coleta seletiva. Essa quantidade representa menos de 0,08 % do lixo domiciliar descartado na cidade. Hoje, o sistema é adotado apenas nos bairros de Nazaré e Umarizal. De acordo com a coordenadora do projeto Coleta Seletiva Porta a Porta da Sesan, Elvira Pinheiro, os dois bairros são os que produzem o maior volume de material sólido da cidade. Em torno de 50 catadores, que antes trabalham no Aurá, fazem a coleta no local das 8h às 14h. O projeto é uma parceria entre a Sesan, a Associação de Catadores de Belém e Caixa Econômica Federal (CEF). Ele começou a ser desenvolvido em 2008, no bairro do Umarizal, e, no ano seguinte, em Nazaré.
Elvira afirmou que, até dezembro, o sistema deve ser estendido ao bairro de Batista Campos, após a conclusão de um estudo de viabilidade. O projeto de coleta seletiva da Prefeitura Municipal de Belém conta com cerca de 300 parceiros, entre instituições federais, escolas, hospitais e empresas particulares. Ela informou que os interessados em fazer coleta seletiva podem solicitar o serviço pelo telefone 3039 3554, ou levar o lixo separado aos galpões da prefeitura, localizados na travessa Padre Eutíquio nº 2671, entre a travessa Quintino Bocaiúva e a passagem São Miguel e na avenida Alcindo Cacela nº 2735, entre as ruas dos Caripunas e dos Pariquis (em frente ao Banco do Brasil).
ATITUDE
Moradora do bairro Umarizal, Vilani de Almeida criticou o serviço de coleta seletiva disponibilizado pela Prefeitura. Ela contou que, ano passado, ligou várias vezes para solicitar a coleta, mas, como não era feita de forma constante, desistiu de aguardar. Agora, ela leva o lixo doméstico à ONG "No Olhar" por conta própria. Para Vilani, que tem um filho de seis meses, valores como a consciência de coletividade e a preservação ambiental devem fazer parte da educação das crianças. "Fui criada no interior e aprendi a conviver bem com o meio ambiente. As pessoas têm que pensar na cidade como uma continuação das suas casas", declarou.
Ela se disse preocupada com a quantidade crescente de material sólido despejado todos os dias no Aurá. "Quando você começa a separar o que pode ser reciclado, percebe uma grande diferença na quantidade de lixo que é jogado fora. O lixo reciclável é limpo. Além de ser útil, ele é higiênico", defendeu. Segundo ela, a seleção dos resíduos domésticos deve ser um compromisso que cada pessoa deve assumir. "Precisamos pensar no futuro e cuidar do planeta. Não adianta só reclamar das autoridades. A sociedade precisa se mobilizar para cobrar mudanças", ressaltou.
UFPA
Uma opção para quem está disposto a levar o lixo reciclável a um Local de Entrega Voluntária (LEV) é ir à Universidade Federal do Pará (UFPA). A instituição dispõe de 29 LEVs - com quatro contendes (plástico, vidro, metal e papel) cada um - no campus do Guamá. A técnica da coordenadoria de meio ambiente da UFPA, Liana Maria da Rocha Machado, informou que a coleta seletiva de papel na Universidade começou em 2006, mas o programa de coleta seletiva voluntário foi implantado apenas em 2007. De acordo com ela, a Prefeitura da Universidade foi motivada Decreto no 5.940/06, que tornou a coleta seletiva obrigatória em órgãos públicos.
De junho a dezembro do ano passado, a instituição recolheu 1.068 kgs de ferro, 820 kgs de plástico, 2.960 kgs de papelão, 1.900 kgs de papel misto e 1.190 kgs de papel branco. Para ela, a coleta é fundamental para a preservação da qualidade do ambiente na cidade. "Ela também proporciona a inserção social e melhoria da qualidade de vida de catadores de materiais", completou. De acordo Liana, a adesão da população ao sistema ocorre de forma gradativa. Ela frisou que participar da coleta seletiva é uma atitude cidadã: "Cada um deve fazer a sua parte para que a iniciativa tenha sucesso". Interessados em colaborar com o projeto de coleta seletiva da Universidade podem entrar em contato com a instituição pelo email: ambiental@ufpa.br.
PNRS
Além de ser uma "atitude cidadã", a destinação correta dos residuos sólidos também é "responsabilidade compartilhada" pela sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo Governo Federal no último dia 2, cada cidadão é responsável por acondicionar de maneira adequada o lixo e deve fazer a separação dos resíduos nos locais onde houver coleta seletiva. Em substituição ao Projeto de Lei nº 354/89, que tramitava no Câmara dos Deputados há cerca de 20 anos, a Política proíbe ainda a criação de lixões, regula a implantação do sistema de coleta seletiva e prevê o financiamento de cooperativas de catadores.
De acordo com a PNRS, no lugar dos lixões, onde os resíduos são lançados a céu aberto, as prefeituras municipais brasileiras deverão construir aterros sanitários adequados ambientalmente. Nestes locais, só poderão ser depositados compostagem e resíduos sem possibilidade de reaproveitamento. Fica proibido o ato de catar lixo, morar ou criar animais em aterros sanitários. O projeto inova ainda ao prever a "logística reversa", que determina que fabricantes, importadores e distribuidores de produtos como produtos como agrotóxicos, pilhas e lâmpadas, recolham as embalagens usadas.
> Essa foi uma das matérias que eu mais gostei de fazer para o jornal O Liberal. Ela foi publicada na coluna de Responsabilidade Social, no dia 26 de agosto desse ano. E não foi só porque ela saiu assinada ou porque teve infografico assinado pelo nosso queridíssimo amigo J. Bosco. Foi porque eu acredito que coleta seletiva é o mínimo que a gente pode fazer pelo meio ambiente. Eu já aderi. E você, o que está esperando?
A coleta seletiva, para muitos, parece uma tarefa complicada. Mas o coordenador da ONG No Olhar, Marcos Wilson, garante que ela pode ser feita de maneira prática e funcional. Basta separar embalagem e restos dos alimentos. Para ele, boa vontade é o que não falta à população paraense. Em 2008, ele resolveu fazer um "experimento" e convidou algumas pessoas para levar os resíduos sólidos domiciliares para o local onde hoje funciona a ONG, na rua Riachuelo, esquina com a travessa Padre Eutíquio. "No começo, apenas um grupo de amigos levava o material. Hoje, recebemos em torno de sete pessoas por dia. Aos sábados, são mais de 20", contou.
Se, quando a ONG começou, era necessário de dois a três meses para juntar uma tonelada de lixo reciclável, hoje, é preciso um pouco mais de uma semana para isso. Na última doação que recebeu, a entidade arrecadou mais que o dobro desta quantidade. Para Marcos, a coleta seletiva feita pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) não condiz com a realidade da cidade. "A população quer resolver o problema do descarte, mas não existe incentivo do poder público para isso", opinou. Ele explicou que a proposta da "No Olhar" é reduzir a quantidade de material sólido despejado no Aurá e gerar renda para comunidades em situação de risco.
COLETA
Dentre os beneficiados pelos serviços prestados pela ONG está a Associação de Recicladores das Águas Lindas (Aral). Marcelo Rocha da Silva, coordenador da associação, informou que os 63 catadores que fazem parte da Aral recolhem em torno de cinco toneladas de material reciclável a cada sete dias. Cada um ganha, em média, R$ 50 por semana para coletar vidro, plástico, papel e metal. Ele defendeu que a coleta seletiva pode ser uma alternativa de renda para várias famílias. "Uma forma de aumentar o ganho dos que trabalham com a coleta de lixo é aumentar a adesão da sociedade ao sistema. Quando uma pessoa passa a separar o lixo é como se ela adotasse uma família", alegou.
Ele disse acreditar que os paraenses não realizam coleta seletiva apenas porque não há um programa para dar a destinação correta ao material. "O poder público diz que a população não quer fazer a seleção, mas isso não é verdade. As pessoas só não separam o lixo em casa porque sabem que ele será misturado nos caminhões que fazem a coleta", opinou.
SESAN
Todos os dias, a Sesan recolhe em torno de 700 kgs de resíduos sólidos por meio da coleta seletiva. Essa quantidade representa menos de 0,08 % do lixo domiciliar descartado na cidade. Hoje, o sistema é adotado apenas nos bairros de Nazaré e Umarizal. De acordo com a coordenadora do projeto Coleta Seletiva Porta a Porta da Sesan, Elvira Pinheiro, os dois bairros são os que produzem o maior volume de material sólido da cidade. Em torno de 50 catadores, que antes trabalham no Aurá, fazem a coleta no local das 8h às 14h. O projeto é uma parceria entre a Sesan, a Associação de Catadores de Belém e Caixa Econômica Federal (CEF). Ele começou a ser desenvolvido em 2008, no bairro do Umarizal, e, no ano seguinte, em Nazaré.
Elvira afirmou que, até dezembro, o sistema deve ser estendido ao bairro de Batista Campos, após a conclusão de um estudo de viabilidade. O projeto de coleta seletiva da Prefeitura Municipal de Belém conta com cerca de 300 parceiros, entre instituições federais, escolas, hospitais e empresas particulares. Ela informou que os interessados em fazer coleta seletiva podem solicitar o serviço pelo telefone 3039 3554, ou levar o lixo separado aos galpões da prefeitura, localizados na travessa Padre Eutíquio nº 2671, entre a travessa Quintino Bocaiúva e a passagem São Miguel e na avenida Alcindo Cacela nº 2735, entre as ruas dos Caripunas e dos Pariquis (em frente ao Banco do Brasil).
ATITUDE
Moradora do bairro Umarizal, Vilani de Almeida criticou o serviço de coleta seletiva disponibilizado pela Prefeitura. Ela contou que, ano passado, ligou várias vezes para solicitar a coleta, mas, como não era feita de forma constante, desistiu de aguardar. Agora, ela leva o lixo doméstico à ONG "No Olhar" por conta própria. Para Vilani, que tem um filho de seis meses, valores como a consciência de coletividade e a preservação ambiental devem fazer parte da educação das crianças. "Fui criada no interior e aprendi a conviver bem com o meio ambiente. As pessoas têm que pensar na cidade como uma continuação das suas casas", declarou.
Ela se disse preocupada com a quantidade crescente de material sólido despejado todos os dias no Aurá. "Quando você começa a separar o que pode ser reciclado, percebe uma grande diferença na quantidade de lixo que é jogado fora. O lixo reciclável é limpo. Além de ser útil, ele é higiênico", defendeu. Segundo ela, a seleção dos resíduos domésticos deve ser um compromisso que cada pessoa deve assumir. "Precisamos pensar no futuro e cuidar do planeta. Não adianta só reclamar das autoridades. A sociedade precisa se mobilizar para cobrar mudanças", ressaltou.
UFPA
Uma opção para quem está disposto a levar o lixo reciclável a um Local de Entrega Voluntária (LEV) é ir à Universidade Federal do Pará (UFPA). A instituição dispõe de 29 LEVs - com quatro contendes (plástico, vidro, metal e papel) cada um - no campus
De junho a dezembro do ano passado, a instituição recolheu 1.068 kgs de ferro, 820 kgs de plástico, 2.960 kgs de papelão, 1.900 kgs de papel misto e 1.190 kgs de papel branco. Para ela, a coleta é fundamental para a preservação da qualidade do ambiente na cidade. "Ela também proporciona a inserção social e melhoria da qualidade de vida de catadores de materiais", completou. De acordo Liana, a adesão da população ao sistema ocorre de forma gradativa. Ela frisou que participar da coleta seletiva é uma atitude cidadã: "Cada um deve fazer a sua parte para que a iniciativa tenha sucesso". Interessados em colaborar com o projeto de coleta seletiva da Universidade podem entrar em contato com a instituição pelo email: ambiental@ufpa.br.
PNRS
Além de ser uma "atitude cidadã", a destinação correta dos residuos sólidos também é "responsabilidade compartilhada" pela sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo Governo Federal no último dia 2, cada cidadão é responsável por acondicionar de maneira adequada o lixo e deve fazer a separação dos resíduos nos locais onde houver coleta seletiva. Em substituição ao Projeto de Lei nº 354/89, que tramitava no Câmara dos Deputados há cerca de 20 anos, a Política proíbe ainda a criação de lixões, regula a implantação do sistema de coleta seletiva e prevê o financiamento de cooperativas de catadores.
De acordo com a PNRS, no lugar dos lixões, onde os resíduos são lançados a céu aberto, as prefeituras municipais brasileiras deverão construir aterros sanitários adequados ambientalmente. Nestes locais, só poderão ser depositados compostagem e resíduos sem possibilidade de reaproveitamento. Fica proibido o ato de catar lixo, morar ou criar animais em aterros sanitários. O projeto inova ainda ao prever a "logística reversa", que determina que fabricantes, importadores e distribuidores de produtos como produtos como agrotóxicos, pilhas e lâmpadas, recolham as embalagens usadas.
> Essa foi uma das matérias que eu mais gostei de fazer para o jornal O Liberal. Ela foi publicada na coluna de Responsabilidade Social, no dia 26 de agosto desse ano. E não foi só porque ela saiu assinada ou porque teve infografico assinado pelo nosso queridíssimo amigo J. Bosco. Foi porque eu acredito que coleta seletiva é o mínimo que a gente pode fazer pelo meio ambiente. Eu já aderi. E você, o que está esperando?
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Casa da Vovó
Na casa da vovó, no café-da-manhã, a gente toma café com leite e come pão com manteiga. No Natal, a gente come peru e, no Círio, maniçoba. Todos os dias, depois do almoço, tem que ter açaí e, nas comemorações, não faltam uvinhas, salva-vidas e quadradinhos de maracujá.
Lá, todo mundo se reúne na cozinha e as conversas nunca têm fim. Também nunca falta espaço na mesa para os primos jogarem baralho. E quando não tem primo, paciência.
O caminho para a casa da vovó nunca é longo. Assim diz uma placa colorida na casa dela.
Na casa da vovó tem plantas e tem cadeira de balanço. Tem quintal e fotos antigas. Tem lembranças da infância e um sofá para descansar da vida.
E, o mais importante de tudo: na casa da vovó tem a vovó, que cheira a água de colônia e é sempre só carinhos.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
CABEÇA, CORAÇÃO
Texto de :Lydia Davis
Coração chora.
Cabeça tenta ajudar coração.
Cabeça explica mais uma vez ao coração como são as coisas:
Você vai perder todas as pessoas que ama. Todas elas irão embora. Mas até a terra irá embora, um dia.
Então coração se sente melhor.
Mas as palavras da cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.
Coração é muito novo nessa história.
Quero ter eles de volta, diz coração.
Cabeça é tudo o que coração possui.
Socorro, cabeça. Socorra o coração.
Coração chora.
Cabeça tenta ajudar coração.
Cabeça explica mais uma vez ao coração como são as coisas:
Você vai perder todas as pessoas que ama. Todas elas irão embora. Mas até a terra irá embora, um dia.
Então coração se sente melhor.
Mas as palavras da cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.
Coração é muito novo nessa história.
Quero ter eles de volta, diz coração.
Cabeça é tudo o que coração possui.
Socorro, cabeça. Socorra o coração.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Ensaios sobre a desilução - conto 1
(O texto começa com Wagner e o tema de Tristão e Isolda).
Era ela e ele dans la vie. Aonde quer que ele fosse, ela iria. Qualquer que fosse a vontade dele, seria também a dela. Seriam felizes assim.
Mas quis a vida que tudo fosse diferente...
Mas, antes de tudo, era ele e suas feições responsáveis. Era ela, o frescor de sua juventude e toda pureza de seus sonhos. Ah... eram os planos de Deus, a perfeição da Criação cumprindo o que já havia sido traçado desde a eternidade. Mactub!
A amizade fácil surgiu da oportunidade de estarem juntos. Da amizade, o desejo e cada encontro deles era de parar o mundo. Havia dificuldades, contudo, também havia a teoria de que era assim que os relacionamentos eram edificados.
Quisera eu poder escrever diversos parágrafos sobre esta história. Linhas e linhas de variações. Mas a história deles foi destas que se encontra em cada esquina. Uma história divida em dois tempos e só. Havia o céu e depois houve o inferno – além disso, nada mais.
Quisera eu ter entendido o que de fato ocorreu no abismo que separa estes dois tempos, mas foi assim: um dia ele lhe falou sobre seu engano. Não que o amor lhe tivesse acabado, mas havia o mundo. O mundo era feito de realidade e o tempo para o sonho já era finito
(La traviata Prendi quest'é l'immgine de' aos 3:20 min.)
E esta foi a primeira experiência deles com a desilusão.
sábado, 4 de setembro de 2010
Ser feliz, apesar de.
Que as juras de amor têm prazo de validade, isso todo mundo já sabe. Elas são válidas enquanto durar o estoque de amor no coração do que promete (e esse estoque pode até durar por uma vida inteira). Mas e a felicidade? Porque o que se vê são crianças cada dia mais serelepes e adultos cada dia mais infelizes. Crise dos 30, dos 40, dos 50,... Até que chega uma fase em que ânimo para ter crises se tem.
Há que se ter sabedoria para entender que a velhice - que nem sempre é sinônimo de maturidade - pode sim nos trazer dádivas preciosíssimas. É verdade que, com o tempo, perdemos saúde, beleza (dentro do status quo), nos desiludimos, nos frustramos, percebemos que podemos esperar QUALQUER coisa um ser humano. Às vezes é deserperador perder o direito às certezas. Às vezes as certezas que temos são mais desesperadoras ainda.
Mas, diante do desânimo de existir, há que se encontrar motivação que nos faça viver FELIZES. Sejam nossos valores, nossos sonhos ou nossos queridos: é necessário encontrar pontos de equilíbrio que nos impulsione, não só a viver, mas a viver bem.
Por que não lembrarmos da capacidade que temos de desenvolver a nossa espiritualidade? Pode-se fazer um trabalho voluntário, aproveitar cinemas ou partidas de futebol numa tarde de domingo, aprender um novo idioma, viajar. Só não se pode viver por viver, não faz sentido.
Que o prazo de validade da nossa felicidade seja enquanto durar o nosso estoque devida. (Amém).
Obs.: Ontem entrevistei uma senhora de 66 anos que me garantiu que era feliz. Era uma matéria sobre analfabetismo e ela estava a prendendo a ler e a escrever. Quando eu crescer, quero ser igual ela.
Há que se ter sabedoria para entender que a velhice - que nem sempre é sinônimo de maturidade - pode sim nos trazer dádivas preciosíssimas. É verdade que, com o tempo, perdemos saúde, beleza (dentro do status quo), nos desiludimos, nos frustramos, percebemos que podemos esperar QUALQUER coisa um ser humano. Às vezes é deserperador perder o direito às certezas. Às vezes as certezas que temos são mais desesperadoras ainda.
Mas, diante do desânimo de existir, há que se encontrar motivação que nos faça viver FELIZES. Sejam nossos valores, nossos sonhos ou nossos queridos: é necessário encontrar pontos de equilíbrio que nos impulsione, não só a viver, mas a viver bem.
Por que não lembrarmos da capacidade que temos de desenvolver a nossa espiritualidade? Pode-se fazer um trabalho voluntário, aproveitar cinemas ou partidas de futebol numa tarde de domingo, aprender um novo idioma, viajar. Só não se pode viver por viver, não faz sentido.
Que o prazo de validade da nossa felicidade seja enquanto durar o nosso estoque devida. (Amém).
Obs.: Ontem entrevistei uma senhora de 66 anos que me garantiu que era feliz. Era uma matéria sobre analfabetismo e ela estava a prendendo a ler e a escrever. Quando eu crescer, quero ser igual ela.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
A menina que desejava
Só o que separava Maria Eduarda do brinquedo de seus sonhos era uma folha de vidro - e R$ 700. Na vitrine de uma loja ao lado de sua casa resplandecia o objeto de desejo da menina e, junto com ele, seus pequenos olhos. Desde o primeiro dia que o viu, Eduarda começou a juntar cada centavo que passava por suas mãos. Guardava em um saco plástico porque achava um desperdício comprar um cofre.
A garotinha, porém, sabia que levaria anos para conseguir a quantia. O caso era que o seu desejo era urgente. E se outra pessoa levasse o brinquedo? E se, quando conseguisse o dinheiro, não tivesse mais idade para brincar?
Pensou em começar a trabalhar, mas quem contrataria uma menina de oito anos? O Estatuto da Criança e do Adolescente proibia. No entanto, ainda que alguém desobedecesse, quanto ganharia? Provavelmente uma quantia irrisória.
Cada vez que passava diante da vitrine, Eduarda sentia algo diferente. Tinha dias que, esperançosa, enchia-se de sonhos e fazia os planos mais mirabolantes que possam ser criados na cabeça de uma criança. Em outros, ficava irritada por ter de passar de segunda-feira a sexta-feira, obrigatoriamente, em frente à mercadoria exposta, já que não tinha outro caminho para ir à escola.
Desejava o brinquedo com tanta intensidade que, às vezes, tinha vontade de quebrá-lo só para extinguir de vez a possibilidade de tê-lo. Queria roubá-lo ou mudar-se da casa ao lado dele. Irracional, imaginava-se jogando uma pedra no vidro da loja e saindo correndo.
Maroca, já não via graça em outros brinquedos. Até pular elástico com as vizinhas, que antes a deixava empolgadíssima, agora parecia ser chato. A menina sentia-se envergonhada pois a mãe ensinara que ela não deveria ter apego às coisas materiais. "Existem crianças que sequer têm o que comer. Seja grata à Deus por tudo o que você tem", dizia. Todavia, Maria Eduarda mão conseguia deixar de desejar.
Enquanto esperava pelo dia em que seu desejo finalmente se realizaria - (Será que ele chegaria?) - a menina resolveu inventar novos sonhos. Inventou, por exemplo, que queria ganhar o concurso de talentos do colégio e que aprenderia a tocar violão. Depois, que entraria na Universidade e que conseguiria uma bolsa de estudos fora do País. E assim ela seguiu pela vida inventando sonhos e mais sonhos, uns até bem maiores que aquele.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
O Passarinho
Mesmo depois de despencar de uma altura de mil metros, sobreviveu. Era passarinho, mas sua especialidade não era voar. Não que seu canto fosse dos mais belos, mas era com a alma que cantava e isso lhe exigia muito. Mas voltemos ao voo.
Passarinho gostava de voar em lugares que já conhecia. Era assim: ia ao local devagarinho, pisando o solo com as perninhas delicadas.Passeava, passeava. De vez em quando, ensaiava um pequeno voo. Quando sentia que o chão era fofo e sem desníveis, demorava-se um pouco mais no ar. Mas seus voos costumavam ser breves. Circulava e circulava. Passarinho não gostava de ver tudo pequenininho lá em baixo. Gostava de observar de perto as pessoas, as árvores, os cachorros, sempre desengonçados.
Passarinho também não gostava de passar muito tempo sobrevoando o mesmo lugar. Mas quando voava para estudar novos territórios, acabava voltando para saber as novas histórias dos locais que já conhecia.Passarinho gostava mesmo era de cantar. Quando cantava, lavava a alma. E se lavasse outra além da sua, emocionava-se. Depois de cantar, Passarinho gostava de abrigar-se em uma árvore-sofá e receber um cafuné. Passarinho inclinava o pescoço para frente e eriçava as penas, todo manhoso.
Certo dia, ao pisar sobre um terreno novo, Passarinho teve a impressão de que há muito já o conhecia. Ainda quis estudar mais o solo, voar baixinho, mas a brisa leve lhe convidava para voos mais altos. Não conseguiu resistir. Sentiu que ali podia cantar o quanto quisesse e não hesitou. Encheu o pulmão dos novos ares - e como lhe entravam suaves pelas narinas - e cantou e cantou. E a música que saia de seu bico ora alegrava os habitantes do lugar, ora os consolava.
Passarinho sentia-se em casa. Quanto mais alto voava, mais avistava promessas de belas paisagens. Ia mais e mais longe. O vento passava sob e sobre suas asas e Passarinho já não tinha medo de sobrevoar montanhas e mares. Ele agora sabia o que era liberdade e, a cada bater de asas, sentia-se mais seguro.
Até que, de repente, o vento mudou de direção. Passarinho perdeu a estabilidade e estatelou-se no chão. Enquanto junta seus pedaços, Passarinho pia triste. Passarinho voltou a ter medo de voar.
OBS.: Foto retirada do site : belasmensagens.zip.net
Passarinho gostava de voar em lugares que já conhecia. Era assim: ia ao local devagarinho, pisando o solo com as perninhas delicadas.Passeava, passeava. De vez em quando, ensaiava um pequeno voo. Quando sentia que o chão era fofo e sem desníveis, demorava-se um pouco mais no ar. Mas seus voos costumavam ser breves. Circulava e circulava. Passarinho não gostava de ver tudo pequenininho lá em baixo. Gostava de observar de perto as pessoas, as árvores, os cachorros, sempre desengonçados.
Passarinho também não gostava de passar muito tempo sobrevoando o mesmo lugar. Mas quando voava para estudar novos territórios, acabava voltando para saber as novas histórias dos locais que já conhecia.Passarinho gostava mesmo era de cantar. Quando cantava, lavava a alma. E se lavasse outra além da sua, emocionava-se. Depois de cantar, Passarinho gostava de abrigar-se em uma árvore-sofá e receber um cafuné. Passarinho inclinava o pescoço para frente e eriçava as penas, todo manhoso.
Certo dia, ao pisar sobre um terreno novo, Passarinho teve a impressão de que há muito já o conhecia. Ainda quis estudar mais o solo, voar baixinho, mas a brisa leve lhe convidava para voos mais altos. Não conseguiu resistir. Sentiu que ali podia cantar o quanto quisesse e não hesitou. Encheu o pulmão dos novos ares - e como lhe entravam suaves pelas narinas - e cantou e cantou. E a música que saia de seu bico ora alegrava os habitantes do lugar, ora os consolava.
Passarinho sentia-se em casa. Quanto mais alto voava, mais avistava promessas de belas paisagens. Ia mais e mais longe. O vento passava sob e sobre suas asas e Passarinho já não tinha medo de sobrevoar montanhas e mares. Ele agora sabia o que era liberdade e, a cada bater de asas, sentia-se mais seguro.
Até que, de repente, o vento mudou de direção. Passarinho perdeu a estabilidade e estatelou-se no chão. Enquanto junta seus pedaços, Passarinho pia triste. Passarinho voltou a ter medo de voar.
OBS.: Foto retirada do site : belasmensagens.zip.net
terça-feira, 22 de junho de 2010
Isso não te toca?
Há uma semana um morador de rua conhecido como "Bronze" agoniza diante de olhares indignados ou indiferentes dos que transitam nas proximidades da Praça da Leitura, em São Brás. De acordo com pessoas que moram ou trabalham no entorno do lugar, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado diversas vezes, mas os funcionários que vão ao local se recusam a prestar atendimento ao doente por se tratar de um "mendigo". A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) alegou que o cidadão não precisava de remoção hospitalar ou atendimento de urgência e por isso não foi atendido.
Sensibilizada com a situação, a comerciante Ana Lúcia Silva Maciel pagou roupas limpas e um banho para "Bronze". "Da primeira vez que eles vieram, disseram que não iriam levá-lo porque ele estava sujo. Resolvi pagar alguém para dar um banho nele e comprei roupas novas para ele usar. Por volta das 16 horas (de ontem) liguei para a Samu novamente, mas até agora (17h45) ninguém veio", contou. Ana Lúcia afirmou que a atendente da Samu garantiu que "Bronze" seria removido assim que houvesse uma ambulância disponível, mas até o fechamento desta edição ele permanecia no mesmo local.
Diante do sofrimento do morador de rua, a comerciante se disse indignada: "Principalmente com o governo. O que está acontecendo com ele é um desrespeito com um ser humano. Nenhum de nós merece morrer à míngua, no meio da rua, diante de pessoas que passam e viram o rosto para o outro lado". Assim como ela, a vendedora de bombons Adriana da Conceição Pereira também se disse revoltada com o ocorrido. Ela contou que "Bronze" era um homem trabalhador e tinha uma banca em que vendia castanhas. "Um dia a polícia levou a mercadoria e os documentos dele e ele passou a viver na rua", afirmou. De acordo com Adriana, ele não tem parentes próximos e conta apenas com doações para se manter. A vendedora declarou ainda que o Samu foi ao local, mas os funcionários teriam se recusado a examiná-lo porque ele era um morador de rua.
SESMA
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) alegou que o caso do morador de rua é uma questão social e que ele não precisava de remoção hospitalar ou atendimento de urgência. A Sesma afirmou também que "o trabalho do Samu é realizar o primeiro atendimento em casos de urgência e posteriormente fazer o encaminhamento ao hospital, o que não se aplicava ao caso do morador de rua".
Sensibilizada com a situação, a comerciante Ana Lúcia Silva Maciel pagou roupas limpas e um banho para "Bronze". "Da primeira vez que eles vieram, disseram que não iriam levá-lo porque ele estava sujo. Resolvi pagar alguém para dar um banho nele e comprei roupas novas para ele usar. Por volta das 16 horas (de ontem) liguei para a Samu novamente, mas até agora (17h45) ninguém veio", contou. Ana Lúcia afirmou que a atendente da Samu garantiu que "Bronze" seria removido assim que houvesse uma ambulância disponível, mas até o fechamento desta edição ele permanecia no mesmo local.
Diante do sofrimento do morador de rua, a comerciante se disse indignada: "Principalmente com o governo. O que está acontecendo com ele é um desrespeito com um ser humano. Nenhum de nós merece morrer à míngua, no meio da rua, diante de pessoas que passam e viram o rosto para o outro lado". Assim como ela, a vendedora de bombons Adriana da Conceição Pereira também se disse revoltada com o ocorrido. Ela contou que "Bronze" era um homem trabalhador e tinha uma banca em que vendia castanhas. "Um dia a polícia levou a mercadoria e os documentos dele e ele passou a viver na rua", afirmou. De acordo com Adriana, ele não tem parentes próximos e conta apenas com doações para se manter. A vendedora declarou ainda que o Samu foi ao local, mas os funcionários teriam se recusado a examiná-lo porque ele era um morador de rua.
SESMA
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) alegou que o caso do morador de rua é uma questão social e que ele não precisava de remoção hospitalar ou atendimento de urgência. A Sesma afirmou também que "o trabalho do Samu é realizar o primeiro atendimento em casos de urgência e posteriormente fazer o encaminhamento ao hospital, o que não se aplicava ao caso do morador de rua".
Eis aí um pouquinho do meu trabalho jornalístico. Esse texto foi publicado na edição de quinta-feira passada do jornal O Liberal. Como informação de bastidores posso dizer que a primeira nota que a Sesma me mandou dizia assim:
NOTA
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informa que uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), recebeu a chamada para o atendimento do morador de rua, por volta das 8h de hoje (16). A ambulância prontamente se dirigiu para prestar o atendimento, porém, ao chegar no local da chamada, o paciente não se encontrava mais no local. De acordo com a direção do Samu, os técnicos ainda realizaram busca nos arredores da Praça da Leitura, em São Braz, em busca do paciente, mas não obtiveram sucesso.
A assessora me disse que confundiu os casos, que eles não encontraram outro morador de rua e por isso me mandaram a outra justificativa. (Enfim...). Eu poderia falar um monte sobre dignidade da pessoa humana, solidariedade, distribuição desigual da renda e mais um monte de coisas importantes. Mas acho que o que eu escrevi e a foto já são mais do que suficientes para levantar reflexões do leitor. Pelo menos assim eu espero . Reflitam!!!
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Páginas caleidoscópicas
Histórias que começam e terminam no primeiro parágrafo. Assim tem sido a minha vida nos últimos tempos: um amontoado de páginas soltas de livros escritos pelo Cósmos.
Obs.:Imagem retirada de http://ricfabiao.wordpress.com/2008/01/14/caleidoscopio/
Tive um ato falho. Em vez de dizer "alô" eu disse "sau...(dade)".
Ví uma senhora na janela que sabia que música é mais que som - é energia - e por isso cantava alto.
Outra me parou na rua e perguntou se eu sabia o que causava depressão. (...) Eu não soube o que dizer.
Um casal foi surpreendido na escada do prédio... e saiu rindo.
Dois garotinhos conversavam sobre o tamanho da piscina da escola...
Um caleidoscópio de surpresas e dúvidas: Ça c'est la vie.
Obs.:Imagem retirada de http://ricfabiao.wordpress.com/2008/01/14/caleidoscopio/
domingo, 23 de maio de 2010
Saudades da Du Carmo
Para onde você foi, Du Carmo,
Que nos deixou assim com este buraco no peito?
Que nos acostumou mal com tanto carinho e dedicação
E de repente foi embora e já não volta mais?
...
Lembra, Du Carmo, quando nós brigávamos pela sua atenção?
Nós dizíamos que você gostava mais de um do que de outro
Mas nosso ciúme era só uma forma de mostrar o quão importante você sempre foi
Você sabia disso, não sabia?
Só me diga que isso ficou claro para você...
Porque não é do ovo frito que você fazia questão de preparar todas as vezes que percebia que seu "eleitorado" não tinha gostado do prato principal que eu vou sentir falta, Du Carmo.
É de você...
Dos seus braços sempre abertos para nos receber,
Do jeito meio ranzinza que você reclamava de certas coisas
Da sua forma única de dizer certas palavras
É de você, Du Carmo...
É difícil imaginar que quando eu chegar na casa da vovó
Não vou te encontrar...
Você e seu lencinho na cabeça
Você e sua interjeição: "Menina, menina"
Ah Du Carmo... seja onde estiver, esteja feliz
Pois se a vida não lhe reservou tantas alegrias
Mas você foi incansável em fazer nossos dias melhores
E ninguém mais que você merece descansar em paz.
Que nos deixou assim com este buraco no peito?
Que nos acostumou mal com tanto carinho e dedicação
E de repente foi embora e já não volta mais?
...
Lembra, Du Carmo, quando nós brigávamos pela sua atenção?
Nós dizíamos que você gostava mais de um do que de outro
Mas nosso ciúme era só uma forma de mostrar o quão importante você sempre foi
Você sabia disso, não sabia?
Só me diga que isso ficou claro para você...
Porque não é do ovo frito que você fazia questão de preparar todas as vezes que percebia que seu "eleitorado" não tinha gostado do prato principal que eu vou sentir falta, Du Carmo.
É de você...
Dos seus braços sempre abertos para nos receber,
Do jeito meio ranzinza que você reclamava de certas coisas
Da sua forma única de dizer certas palavras
É de você, Du Carmo...
É difícil imaginar que quando eu chegar na casa da vovó
Não vou te encontrar...
Você e seu lencinho na cabeça
Você e sua interjeição: "Menina, menina"
Ah Du Carmo... seja onde estiver, esteja feliz
Pois se a vida não lhe reservou tantas alegrias
Mas você foi incansável em fazer nossos dias melhores
E ninguém mais que você merece descansar em paz.
terça-feira, 11 de maio de 2010
A corda
Sete horas e trinta minutos. Toca o desperta dor: hora de acordar. Tome seu banho, use seus cosméticos. Foi-se o tempo em que as fêmeas atraiam seus machos na base do feromônio. Tome o seu café, mas não exagere nas calorias. Você PRECISA ser magra. Mas tem que ser saudável também. Consuma alimentos "light" ou integrais. Se tiver soja na composição do produto então, perfeito! Mas por que ainda não saiu de casa? É hora de estudar. Dirija o seu carro, não esqueça de abastecê-lo. E daí se o combustível prejudica o meio ambiente? Já reparou a quantas anda o transporte público? Isso sem mencionar a questão da insegurança. Por falar nisso: o seu carro tem trava elétrica? E alarme? (Lá vem você com aquele papo politicamente correto. Dane-se a poluição sonora!). Também é necessário ter vidros peliculados, direção hidráulica, vidro elétrico. Como você pode viver sem isso? Você precisa entender que a tecnologia está aí para facilitar o seu cotidiano, tornar sua vida mais prática.
Chegou na Universidade? Muito bem, aproveite! Você é uma privilegiada, sabia? Muitos queriam estar em seu lugar. O que? Você seria uma privilegiada se todos pudessem ter acesso à Universidade? Você ainda está nessa? Quando vai perceber que isso não passa de uma utopia? Agora se concentre na aula que semana que vem tem prova. Sua nota deve ser a maior da turma.
Hora do intervalo. Tome uma vitamina. Você precisa estar com a resistência alta para não adoecer. Sem falar que você malha, não é mesmo? Se você não se alimenta bem, não conseguirá desenvolver seus músculos. Você sabe que o padrão de beleza hoje são corpos muito bem divididos. Eu sei que você está sem paciência para a academia... Mas eu também nunca lhe disse que seria um pedacinho da Disney. É bem como o seu instrutor diz: faça cara feia mas tenha um corpo bonito. Ah... Isso me fez lembrar que você nunca mais foi ao salão de beleza. O que aconteceu com os seus cabelos? Estão cheios de pontas duplas! E as suas unhas? Andou roendo de novo, não é?! É por isso que você não pode ficar muito tempo sem ir ao salão. Eu sei, a grana anda curta... Mas faça um esforço para economizar. Vai valer a pena, prometo!
Meio dia. Hora de almoçar. Engula a sua comida, não vê que está atrasada? Tome o seu banho, troque sua roupa, capriche! Você sabe que não pode ir trabalhar de qualquer jeito. Sabe que boa parte da imagem que seu chefe, seus colegas de trabalho e seus entrevistados têm de você se deve à sua maneira de se vestir. Apresente-se como uma pessoa elegante, mas não exagere na formalidade. Afinal, você também precisa passar uma imagem jovial. Esqueça esse céu azul aí fora. Deixe-o para o final de semana. Se chover? Se chover, choveu, ora. Vai querer controlar os fenômenos da natureza?
Concentre-se. Faça o que o seu chefe mandar e um pouco mais. Se escutar desaforo, tudo bem também. Todo chefe é assim. Se precisar passar do seu horário, não tem problema. Isso é normal, sobretudo para jornalistas. Foi a profissão que você escolheu, não foi? Desde sempre você já sabia que ia ser assim, não sabia? Está arrependida? Ah... Só queria ter seus direitos trabalhistas respeitados? Preste atenção numa coisa: Você NÃO pode mudar o mundo. Faça o seu melhor e fique satisfeita por estar onde está. Pense: quantas pessoas não gostariam de estar no seu lugar? E você aí reclamando, reclamando. Trate de estudar que é a melhor coisa que você faz.
O dia está acabando. Está faltando um momento de lazer, não é mesmo? Ligue para um amigo. Convide-o para ir ao cinema. De repente rola um affair, já pensou? Seria ótimo para você. Ia ficar mais relaxada. Só não invente de querer namorar. Essa história de relacionamento sério dá muito trabalho. Casamento então, nem pensar! Você ainda tem muito que estudar, menina! Mestrado, doutorado, pós-doutorado. Já pensou em fazer um curso no exterior? Um sonho não é mesmo?! Esse papo de cachorros e crianças cabeludinhas só funciona em comerciais de margarina. Na vida real eles só dão dores de cabeça. Sem falar que custam caríssimo. Você não tem dinheiro nem para se sustentar, vai dar conta de uma casa? Acorda Alice! Esse não é nem de longe o País das Maravilhas.
Enfim... não quer chamar ninguém para sair, não chame. Vá para casa dormir, assistir televisão. O que não faltam são coisas para fazer. Dormiu? E sua casa, quem vai arrumar? Está uma bagunça! É por isso que você nunca encontra nada. E esse monte de roupa suja, quem vai lavar? Daqui a pouco você não vai mais ter roupas para sair. E não esqueça que neste final de semana tem prova de espanhol. Estude. E também não falte o curso de redação. Você só vive faltando. Está só jogando o seu dinheiro fora. E ainda fica dizendo que quer trabalhar a sua espiritualidade, que quer ser voluntária em algum projeto social. Ora, faça-me um favor. Só se o seu dia tivesse mais de 24 horas. Você não dá conta nem das suas obrigações...
Sete e trinta da manhã. Hora de acordar. E daí se sua bateria não terminou de ser recarregada? Dê conta de seu dia mesmo com a carga incompleta.
Obs: Foto do site: http://crocoecia.blogspot.com/2009/07/fantasias-femininas-diversas.html
Chegou na Universidade? Muito bem, aproveite! Você é uma privilegiada, sabia? Muitos queriam estar em seu lugar. O que? Você seria uma privilegiada se todos pudessem ter acesso à Universidade? Você ainda está nessa? Quando vai perceber que isso não passa de uma utopia? Agora se concentre na aula que semana que vem tem prova. Sua nota deve ser a maior da turma.
Hora do intervalo. Tome uma vitamina. Você precisa estar com a resistência alta para não adoecer. Sem falar que você malha, não é mesmo? Se você não se alimenta bem, não conseguirá desenvolver seus músculos. Você sabe que o padrão de beleza hoje são corpos muito bem divididos. Eu sei que você está sem paciência para a academia... Mas eu também nunca lhe disse que seria um pedacinho da Disney. É bem como o seu instrutor diz: faça cara feia mas tenha um corpo bonito. Ah... Isso me fez lembrar que você nunca mais foi ao salão de beleza. O que aconteceu com os seus cabelos? Estão cheios de pontas duplas! E as suas unhas? Andou roendo de novo, não é?! É por isso que você não pode ficar muito tempo sem ir ao salão. Eu sei, a grana anda curta... Mas faça um esforço para economizar. Vai valer a pena, prometo!
Meio dia. Hora de almoçar. Engula a sua comida, não vê que está atrasada? Tome o seu banho, troque sua roupa, capriche! Você sabe que não pode ir trabalhar de qualquer jeito. Sabe que boa parte da imagem que seu chefe, seus colegas de trabalho e seus entrevistados têm de você se deve à sua maneira de se vestir. Apresente-se como uma pessoa elegante, mas não exagere na formalidade. Afinal, você também precisa passar uma imagem jovial. Esqueça esse céu azul aí fora. Deixe-o para o final de semana. Se chover? Se chover, choveu, ora. Vai querer controlar os fenômenos da natureza?
Concentre-se. Faça o que o seu chefe mandar e um pouco mais. Se escutar desaforo, tudo bem também. Todo chefe é assim. Se precisar passar do seu horário, não tem problema. Isso é normal, sobretudo para jornalistas. Foi a profissão que você escolheu, não foi? Desde sempre você já sabia que ia ser assim, não sabia? Está arrependida? Ah... Só queria ter seus direitos trabalhistas respeitados? Preste atenção numa coisa: Você NÃO pode mudar o mundo. Faça o seu melhor e fique satisfeita por estar onde está. Pense: quantas pessoas não gostariam de estar no seu lugar? E você aí reclamando, reclamando. Trate de estudar que é a melhor coisa que você faz.
O dia está acabando. Está faltando um momento de lazer, não é mesmo? Ligue para um amigo. Convide-o para ir ao cinema. De repente rola um affair, já pensou? Seria ótimo para você. Ia ficar mais relaxada. Só não invente de querer namorar. Essa história de relacionamento sério dá muito trabalho. Casamento então, nem pensar! Você ainda tem muito que estudar, menina! Mestrado, doutorado, pós-doutorado. Já pensou em fazer um curso no exterior? Um sonho não é mesmo?! Esse papo de cachorros e crianças cabeludinhas só funciona em comerciais de margarina. Na vida real eles só dão dores de cabeça. Sem falar que custam caríssimo. Você não tem dinheiro nem para se sustentar, vai dar conta de uma casa? Acorda Alice! Esse não é nem de longe o País das Maravilhas.
Enfim... não quer chamar ninguém para sair, não chame. Vá para casa dormir, assistir televisão. O que não faltam são coisas para fazer. Dormiu? E sua casa, quem vai arrumar? Está uma bagunça! É por isso que você nunca encontra nada. E esse monte de roupa suja, quem vai lavar? Daqui a pouco você não vai mais ter roupas para sair. E não esqueça que neste final de semana tem prova de espanhol. Estude. E também não falte o curso de redação. Você só vive faltando. Está só jogando o seu dinheiro fora. E ainda fica dizendo que quer trabalhar a sua espiritualidade, que quer ser voluntária em algum projeto social. Ora, faça-me um favor. Só se o seu dia tivesse mais de 24 horas. Você não dá conta nem das suas obrigações...
Sete e trinta da manhã. Hora de acordar. E daí se sua bateria não terminou de ser recarregada? Dê conta de seu dia mesmo com a carga incompleta.
Obs: Foto do site: http://crocoecia.blogspot.com/2009/07/fantasias-femininas-diversas.html
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Então eu percebi que até para ser feliz é necessário coragem. Para sentir o frio na barriga e o vento entre os fios de cabelo é preciso antes ter a coragem de saltar. Saber a sensação de liberdade que há em morar sozinho não é possível sem antes deixar a casa dos pais. E assim é tudo nesta vida. Para se alcançar qualquer coisa é necessário abrir mão de outra. E quão árdua pode ser essa tarefa, meu Deus! Saber o que renunciar e quando pode ser mais difícil do que resolver uma questão de matemática do caos. (Sim, essa matéria realmente existe e - acredite - há pessoas que se dedicam a estudá-la). É... às vezes tomamos decisões erradas... Mas elas trazem de brinde a tal da "experiência". Outras, não temos outra opção senão seguir por um novo caminho. Nestes casos, só resta aceitar que a vida pode estar nos dando um "empurrãozinho". Seja como for, tenha coragem. Permita-se!
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Homens: tim tim!
É muito comum encontrarmos textos que enaltecem a mulher. Sua delicadeza, sua força, o jeito como mexem nos cabelos, lá, lá, lá. O que é justo. É fácil encontrar também escritos com uma lista de reclamações contra os homens. As objeções vão desde a tampa do vaso sanitário que eles "SEMPRE" deixam abertas até o "ABSURDO" de nos convidarem para jantar em cima da hora. (Como é que eles não são capazes de imaginar que antes de sair, nós, mulheres, "PRECISAMOS" percorrer uma verdadeira maratona que inclui depilação, fazer as unhas, escolher a roupa certa, malhar com mais intensidade pernas e bumbum, ect.?!). Na maioria das vezes, estas queixas também são justas. Mas o objetivo deste meu ensaio é um pouco menos comum: é mostrar porque estes seres de três pernas (horríiiiiiiiivel - gritam algumas) são tão importantes para as nossas vidas.
(Algumas mulheres reclamam de barriga cheia. Rá)
Mas antes é importante esclarecer alguns pormenores. Primeiro: vou falar sobre a minha concepção de homem, de acordo com o meu conceito de masculino (extremamente falho, reconheço desde já). Não é que aqueles que não se encaixem neste perfil sejam "menos homens". Eu concordo que os conceitos de comportamentos que hoje conhecemos "masculinos" e "femininos" são construções culturais, extremamente frágeis. Também é importante ressaltar que este não é um manifesto homofóbico. Nada contra gays!!! Eles são tão ou mais dignos de homenagens que os heteros, não é esta a questão. Até onde eu sei, dizer que eu gosto de heteros não significa que eu não goste de homossexuais. Uma coisa não exclui a outra, por favor. Esta é tão somente uma homenagem aos meus amados homens "seres humanos do sexo masculino" que gostam de mulheres. (E não apenas de "buceta", como definiu o Bebado Gonzo. Mas o meu amigo Anderson está previamente perdoado porque tenho certeza que ele sabe que nós somos muito mais do que isso).
Meramente por uma questão de estética textual, vou me referir aos protagonistas deste texto simplesmente como "homens". Convenhamos, me referir a eles sempre como "heteros" ou através do gigantesco "homens-que-gostam-de-mulheres" não dá, né?! Enfim, vamos ao texto:
Não sei se sempre tive sorte com os homens e por isso, sempre admirei o "men's styling of life" ou se, por admirar o "jeito homem de ser", acabei atraindo garotos bacanas para a minha vida. O fato é que - com exceção de um determinado moço que desde sempre eu já sabia que não valia a pena- todos os outros rapazes com quem eu já me envolvi afetivamente foram e são pessoas maravilhosas. Mas, pensando bem, essa admiração já vem de muito antes. Desde os tempos em que o papai lia historinhas para eu dormir e que nós ganhávamos os troféus de mais atrapalhados nas gincanas do jardim de infância, eu já era encantada pela proteção que eu encontrava em um colo masculino.
Além do meu querido pai - que até hoje faz questão de se esparramar comigo no sofá da sala para assistir o futebol do final da tarde de domingo - tive (e - graças! - ainda tenho) a oportunidade de contar com excelentes amigos. Inclusive, em boa parte dos meus grupos de amizades, tive o privilégio de ser aceita em "bandos" que eram formados exclusivamente por meninos. Aprendi muito com eles. Acima de tudo a admirá-los. Adoro o jeito como resolvem os seus problemas, como o que dizem corresponde quase integralmente ao que realmente querem dizer, como se fazem de valentes quando estão fragilizados.
(Livre acesso)
É bem verdade que essa convivência com eles não me levou a descobrir tantas coisas novas assim. Afinal, o comportamento dos homens não é mistério para ninguém. Todo mundo sabe que homem não chora. Exceto quando a filha nasce, o time perde, a namorada vai embora,... Também é consenso entre a coletividade que homem não faz fofoca. Ele só "comenta" sobre o chifre que o vizinho levou, sobre a filha do patrão de 15 anos que está grávida, sobre como a ex-gostosona engordou nos últimos tempos, etc. Eles são muito discretos, sabe? Muito diferentes de nós, mulheres.
Ironias à parte, eles realmente me ensinaram a ver a vida de uma forma muito mais simples e divertida. É bacana ver como os meninos não se importam se o nosso cabelo tem ponta dupla ou se o nosso cotovelo está áspero. Sabe aquela musiquinha do Mogli? "Necessário, somente o necessário,...". A maioria deles realmente acredita que, na vida, a gente deve se preocupar apenas com o essencial.
Dentre os mais inteligentes que eu conheço estão aqueles que descobriram que deixar uma mulher satisfeita é impossível difícil, mas realmente compensa. Que dar flores, puxar a cadeira para elas sentarem, e tudo mais, não é uma maneira de subjugar a mulher, mas apenas de ser gentil. Que a mulher, longe de ser um ser mais frágil, deve ser tratada como algo precioso. Por mais clichê que isto soe, eles também sabem que melhor (e mais difícil) do que conquistar todo dia uma mulher, é conquistar todo o dia a mesma. E, finalmente, que esta história de "guerra dos sexos" já está ultrapassada e que o grande barato é aprender o que um pode ensinar de melhor para o outro. Mas não adianta me perguntarem o nome destes homens que sabem de todas estas coisas que eu não digo nem sob tortura.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Criança é ralado...
Era 1991 e eu tinha uns quatro anos. Minha tia Elza, seu marido José e sua filha Juliana moravam na Base Naval da cidade. Aos domingos, os almoços da família toda costumavam ser na casa deles. Lembro que eu adorava ir pois, como o percurso parecia muito longo, o passeio tomava ares de viagem. Além do mais, os primos reunidos e a comida maravilhosa faziam aqueles momentos parecerem ter sido tirados de comerciais de margarina.
Um pouco antes de chegar à casa de meus tios, era possível avistar um pequeno parque repleto de brinquedos coloridos. Todas as vezes que o carro passava em frente, pedia para alguém me levar até ele. Cansada de esperar que alguém cumprisse a promessa e finalmente me levasse lá, elaborei uma estratégia para ir sozinha. Decorei o caminho do parque até a casa de meus tios. Contei o número de ruas, a quantidade de vezes que eu precisaria dobrar para a direita e para a esquerda. Quando todos estivessem distraídos, eu só precisaria fugir e fazer o caminho inverso. O plano era perfeito!
Esperei ansiosamente pelo momento ideal. Eu não lembro, mas devia estar com aquela carinha de criança quando está aprontando, mas ela devia ser tão constante naquele tempo que ninguém percebeu ou deu importância. Até que o instante certo chegou. Era por volta três horas. Todos já haviam almoçado e conversavam animadamente. Saí à francesa. Quando conquistei as ruas, porém, elas não eram bem como eu tinha memorizado. Eram maiores e eu já não sabia mais nem chegar ao parque, nem voltar para casa. Mas não me desesperei.
A esta altura, na casa de meus tios, alguém deu por minha falta. Ninguém havia me visto, então começaram a me procurar. Primeiro, reviraram a casa toda e, claro, não me acharam. Depois, perguntaram aos vizinhos. Nada. Os soldados da guarda também não sabiam informação nenhuma ao meu respeito e foi então que a operação de busca começou. Todos os soldados foram orientados a não deixar nenhuma criança sair dos limites da Base Naval. Cães farejadores foram colocados em meu rastro e helicópteros com lanternas de grande alcance percorriam cada esquina daquele local. (Tá bom, não foi tudo isso, eu confesso...).
Fui encontrada antes do final da tarde, ao lado de umas latas de lixo. É que eu, aos quatro anos de idade, cheguei à conclusão de que alguém - em algum momento daquele dia - iria àquele local jogar o lixo fora e me encontraria. E não é que eu estava certa?! Voltei para casa sã e salva e com uma ótima história para contar na segunda-feira para as minhas coleguinhas de jardim da infância.
Obs.: Foto tirada do site novo-mundo.org
Um pouco antes de chegar à casa de meus tios, era possível avistar um pequeno parque repleto de brinquedos coloridos. Todas as vezes que o carro passava em frente, pedia para alguém me levar até ele. Cansada de esperar que alguém cumprisse a promessa e finalmente me levasse lá, elaborei uma estratégia para ir sozinha. Decorei o caminho do parque até a casa de meus tios. Contei o número de ruas, a quantidade de vezes que eu precisaria dobrar para a direita e para a esquerda. Quando todos estivessem distraídos, eu só precisaria fugir e fazer o caminho inverso. O plano era perfeito!
Esperei ansiosamente pelo momento ideal. Eu não lembro, mas devia estar com aquela carinha de criança quando está aprontando, mas ela devia ser tão constante naquele tempo que ninguém percebeu ou deu importância. Até que o instante certo chegou. Era por volta três horas. Todos já haviam almoçado e conversavam animadamente. Saí à francesa. Quando conquistei as ruas, porém, elas não eram bem como eu tinha memorizado. Eram maiores e eu já não sabia mais nem chegar ao parque, nem voltar para casa. Mas não me desesperei.
A esta altura, na casa de meus tios, alguém deu por minha falta. Ninguém havia me visto, então começaram a me procurar. Primeiro, reviraram a casa toda e, claro, não me acharam. Depois, perguntaram aos vizinhos. Nada. Os soldados da guarda também não sabiam informação nenhuma ao meu respeito e foi então que a operação de busca começou. Todos os soldados foram orientados a não deixar nenhuma criança sair dos limites da Base Naval. Cães farejadores foram colocados em meu rastro e helicópteros com lanternas de grande alcance percorriam cada esquina daquele local. (Tá bom, não foi tudo isso, eu confesso...).
Fui encontrada antes do final da tarde, ao lado de umas latas de lixo. É que eu, aos quatro anos de idade, cheguei à conclusão de que alguém - em algum momento daquele dia - iria àquele local jogar o lixo fora e me encontraria. E não é que eu estava certa?! Voltei para casa sã e salva e com uma ótima história para contar na segunda-feira para as minhas coleguinhas de jardim da infância.
Obs.: Foto tirada do site novo-mundo.org
quinta-feira, 11 de março de 2010
De volta ao jardim de minha infância
Abri os olhos e não conseguia acreditar no que via: um lindo jardim através da janela de meu quarto, muito parecido com aquele no qual eu brincava em toda a minha infância.
Levantei-me apressada – era incrível a semelhança! Ao descer da cama, tive a estranha sensação de que ela estava mais alta do que de costume; olhei para baixo e vi nos meus pés minha pantufa cor-de-rosa que não me servia há muitos anos. Corri assustada para o espelho e constatei minha suspeita mais absurda: eu realmente havia voltado a ser criança!
Desci as escadas correndo para ver meus pais. Eles estavam igualmente mais jovens, porém, como se não houvessem percebido o que acontecera, tomavam tranqüilos seu café-da-manhã . Perguntei a eles o que havia acontecido.
– Do que você está falando, princesinha? Tome logo seu café ou chegará atrasada na escola – disse com ternura minha mãe.
Ainda tentei explicar que já estava na faculdade, mas vi que seria inútil. Fui à escola, reencontrei meus amigos, professores.Tudo era tão fascinante! Estava tão feliz que nem me perguntava se era sonho ou realidade.
Ao anoitecer, retirei a pantufa cor-de-rosa e adormeci. Quando acordei, tudo havia voltado ao normal – era um sonho apenas! Mas a lembrança desse sonho fez renascer em mim a criança que um dia fui.
(20/03/2004)
Foto de Elena Kalis (http://www.elenakalisphoto.com/)
Levantei-me apressada – era incrível a semelhança! Ao descer da cama, tive a estranha sensação de que ela estava mais alta do que de costume; olhei para baixo e vi nos meus pés minha pantufa cor-de-rosa que não me servia há muitos anos. Corri assustada para o espelho e constatei minha suspeita mais absurda: eu realmente havia voltado a ser criança!
Desci as escadas correndo para ver meus pais. Eles estavam igualmente mais jovens, porém, como se não houvessem percebido o que acontecera, tomavam tranqüilos seu café-da-manhã . Perguntei a eles o que havia acontecido.
– Do que você está falando, princesinha? Tome logo seu café ou chegará atrasada na escola – disse com ternura minha mãe.
Ainda tentei explicar que já estava na faculdade, mas vi que seria inútil. Fui à escola, reencontrei meus amigos, professores.Tudo era tão fascinante! Estava tão feliz que nem me perguntava se era sonho ou realidade.
Ao anoitecer, retirei a pantufa cor-de-rosa e adormeci. Quando acordei, tudo havia voltado ao normal – era um sonho apenas! Mas a lembrança desse sonho fez renascer em mim a criança que um dia fui.
(20/03/2004)
Foto de Elena Kalis (http://www.elenakalisphoto.com/)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
União
Estava decidida a ir. Mas no instante que as mãos de Midas dele seguraram o seu braço com firmeza, transformou-se em estátua. Deparou-se então com com o par de olhos negros.Ele agora já não tinha cativo apenas seu corpo, mas sua alma e pensamentos.Para onde ir? Não tinha mais casa nem rumo. Ele roubara todo o sentido da palavra 'pertecer' que ela até então conhecera. Já não sabia mais outro caminho senão aquele que convergia para ele.
Estava decidida a ficar. Também ela seria uma seguidora de Pã. Nos bosques, a vida assumiria outro significado. O que importava se os astros que regeram seus nascimentos continuavam os mesmos. Não era o Livre Arbítrio a força mais poderosa do Universo? O Dom Supremo aos humanos concedido? Que o Cosmos abençoasse aquela união ou ela seria abençoada por eles mesmos. Que ela durasse por quantos instantes que tivesse que durar. Que esses instantes somados fossem em uma vida inteira.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Mulheres (e Homens) Possíveis
Minha mensagem de Feliz 2010, na verdade, não é minha. É da jornalista e escritora Martha Medeiros. Apesar de destinada às mulheres, ela também tem muito o que ensinar aos homens.Que este ano nós possamos ter tempo para ser feliz, para fazer besteirinhas, para ficar em casa falando bobagens e rindo... Vamos praticar o desapego às coisas e celebrar a nossa imperfeição e a de nossos queridos. Tolerância: tim tim!
MULHERES POSSÍVEIS...
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo.
Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.
MULHERES POSSÍVEIS...
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo.
Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.
Assinar:
Postagens (Atom)