Sensibilizada com a situação, a comerciante Ana Lúcia Silva Maciel pagou roupas limpas e um banho para "Bronze". "Da primeira vez que eles vieram, disseram que não iriam levá-lo porque ele estava sujo. Resolvi pagar alguém para dar um banho nele e comprei roupas novas para ele usar. Por volta das 16 horas (de ontem) liguei para a Samu novamente, mas até agora (17h45) ninguém veio", contou. Ana Lúcia afirmou que a atendente da Samu garantiu que "Bronze" seria removido assim que houvesse uma ambulância disponível, mas até o fechamento desta edição ele permanecia no mesmo local.
Diante do sofrimento do morador de rua, a comerciante se disse indignada: "Principalmente com o governo. O que está acontecendo com ele é um desrespeito com um ser humano. Nenhum de nós merece morrer à míngua, no meio da rua, diante de pessoas que passam e viram o rosto para o outro lado". Assim como ela, a vendedora de bombons Adriana da Conceição Pereira também se disse revoltada com o ocorrido. Ela contou que "Bronze" era um homem trabalhador e tinha uma banca em que vendia castanhas. "Um dia a polícia levou a mercadoria e os documentos dele e ele passou a viver na rua", afirmou. De acordo com Adriana, ele não tem parentes próximos e conta apenas com doações para se manter. A vendedora declarou ainda que o Samu foi ao local, mas os funcionários teriam se recusado a examiná-lo porque ele era um morador de rua.
SESMA
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) alegou que o caso do morador de rua é uma questão social e que ele não precisava de remoção hospitalar ou atendimento de urgência. A Sesma afirmou também que "o trabalho do Samu é realizar o primeiro atendimento em casos de urgência e posteriormente fazer o encaminhamento ao hospital, o que não se aplicava ao caso do morador de rua".
Eis aí um pouquinho do meu trabalho jornalístico. Esse texto foi publicado na edição de quinta-feira passada do jornal O Liberal. Como informação de bastidores posso dizer que a primeira nota que a Sesma me mandou dizia assim:
NOTA
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informa que uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), recebeu a chamada para o atendimento do morador de rua, por volta das 8h de hoje (16). A ambulância prontamente se dirigiu para prestar o atendimento, porém, ao chegar no local da chamada, o paciente não se encontrava mais no local. De acordo com a direção do Samu, os técnicos ainda realizaram busca nos arredores da Praça da Leitura, em São Braz, em busca do paciente, mas não obtiveram sucesso.
A assessora me disse que confundiu os casos, que eles não encontraram outro morador de rua e por isso me mandaram a outra justificativa. (Enfim...). Eu poderia falar um monte sobre dignidade da pessoa humana, solidariedade, distribuição desigual da renda e mais um monte de coisas importantes. Mas acho que o que eu escrevi e a foto já são mais do que suficientes para levantar reflexões do leitor. Pelo menos assim eu espero . Reflitam!!!
É.. às vezes o Jornalismo consegue muito mais, e muito mais rápido do que o Direito. É uma vergonha, fatos como esse.. =\
ResponderExcluir"governo do povo","cidade criança","terra de direitos"...já ouvi tantos, pra tão poucos.
ResponderExcluirbjs