quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sob a luz da lâmpada fosforescente

Foi devagar que o vento abriu uma fresta entre as folhas da janela do quarto. Também foi de forma leve que a luz dourada do sol cobriu a parede nua e anunciou um pôr-do-sol. Lentamente, algumas folhas caíam das árvores do lado de fora da casa e, de maneira sutil, uma passarinho disse "bem-te-vi" à menina que estudava.

Exatamente a cada minuto, os ponteiros do segundo de um relógio ao lado dela insistiam em dar voltas completas. A parede de seu quarto ia ficando cada vez mais dourada e cada elemento compunha de forma delicada uma harmonia diferente do que era o costume daquele local.

Até que toda aquela cadência de sutilezas irritou a menina.



Fechou a janela e as cortinas de maneira brusca. Jogou o relógio no chão e sorriu ao ver os estilhaços do estrago que causara. Ligou o rádio fora de sintonia. Preferia o chiado que ela regulava ao silêncio que invadia aquele ambiente sem lhe pedir licença. Não quis saber do pôr-do-sol. Tampouco sabia o que queria. A única certeza que tinha era que aquela paz não pertencia ao seu quarto e, por isso, precisava expulsá-la.

Quando conseguiu, respirou tranquila. Voltou a estudar. Mas com o rádio ligado e sob a luz da lâmpada fosforescente.

Obs: imagem retirada do site: http://estacaonerd.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"

Cecília Meireles.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Silêncios

"E, por outro lado, respeito uma certa clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra nenhuma. E também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo d´água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara. Se jamais a água ficar limpa, pior para mim. Aceito o risco", Clarice Lispector.



Sempre tive o hábito de querer destrinchar cada fio de pensamento, de esmiuçar cada bloco de sentimento que me pesasse no coração, pensar e repensar cada diálogo na esperança de encontrar uma pista, qualquer resquício de. (?) que tivesse passado despercebido.


Mas tenho aprendido que o silêncio é também um instrumento de resposta. Talvez não seja dos mais delicados, mas, sem dúvida, é dos mais sinceros.


Essa aprendizagem é comparável e um processo de desintoxicação. Espera-se uma resposta como que espera pelo objeto do vício e, quando ela não vem, é com ansiedade que se procura pelos meios de obtê-la. Venha ela como vier - seja uma mentira, uma desculpa,..., até mesmo uma vírgula parece ser mais dotada de significados que o silêncio. Mas há que se sobreviver ao período de abstinência de palavras.


O grande problema do silêncio é que ele comporta um infinidade de significados. 

Porém, é necessário compreendê-lo. Ou, mais do que isso, deve-se respeitá-lo. (Escrito por mim em 06.01.08)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sem mistério

Perguntei a ela qual era o segredo para manter-se casada por mais de 30 anos, se ela nunca tinha pensado em se separar. E ela respondeu:

 - Eu já mandei ele embora. Ele que não foi.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Preguiça


Por que  a cama sempre fica mais confortável na hora de acordar? Pela milésima vez ela pensou: preciso levantar!

- Já disse, travesseiro, tenho que ir!

Fazia tempo que o despertador tocava, mas a moça não conseguia sair. Tinha um mundo de coisas para resolver lá fora. (Uns projetos por acabar, um ponto para bater, uns problemas para tentar solucionar,...). Mas a cama insistia em segurá-la.

 - Já chega! Dessa vez é sério. Vou levantar! - Pensou resoluta - Mas, se já estou atrasada, cinco minutinhos a mais não fariam a menor diferença...

Opa. Passaram dez... Agora foram mais 15... Melhor mesmo era começar a se espreguiçar. Hum... no entanto, o clima estava perfeito para ficar debaixo de um cobertor...

Até que levantou. Começou a arrumar a cama e... não resistiu, deitou de novo. "Só mais um pouquinho. Eu ando tão cansada... mereço um pouco mais de descanso".

 - Menina, tu não tens aula hoje? - perguntou a mãe, que, de supetão, entrara no quarto.

Acabou a enrolação.