quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sob a luz da lâmpada fosforescente

Foi devagar que o vento abriu uma fresta entre as folhas da janela do quarto. Também foi de forma leve que a luz dourada do sol cobriu a parede nua e anunciou um pôr-do-sol. Lentamente, algumas folhas caíam das árvores do lado de fora da casa e, de maneira sutil, uma passarinho disse "bem-te-vi" à menina que estudava.

Exatamente a cada minuto, os ponteiros do segundo de um relógio ao lado dela insistiam em dar voltas completas. A parede de seu quarto ia ficando cada vez mais dourada e cada elemento compunha de forma delicada uma harmonia diferente do que era o costume daquele local.

Até que toda aquela cadência de sutilezas irritou a menina.



Fechou a janela e as cortinas de maneira brusca. Jogou o relógio no chão e sorriu ao ver os estilhaços do estrago que causara. Ligou o rádio fora de sintonia. Preferia o chiado que ela regulava ao silêncio que invadia aquele ambiente sem lhe pedir licença. Não quis saber do pôr-do-sol. Tampouco sabia o que queria. A única certeza que tinha era que aquela paz não pertencia ao seu quarto e, por isso, precisava expulsá-la.

Quando conseguiu, respirou tranquila. Voltou a estudar. Mas com o rádio ligado e sob a luz da lâmpada fosforescente.

Obs: imagem retirada do site: http://estacaonerd.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Escreves cada vez melhor, como eu sempre imaginei...

    Parabéns, Biancjolie...

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