domingo, 12 de dezembro de 2010

Silêncios

"E, por outro lado, respeito uma certa clareza peculiar ao mistério natural, não substituível por clareza outra nenhuma. E também porque acredito que a coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo d´água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara. Se jamais a água ficar limpa, pior para mim. Aceito o risco", Clarice Lispector.



Sempre tive o hábito de querer destrinchar cada fio de pensamento, de esmiuçar cada bloco de sentimento que me pesasse no coração, pensar e repensar cada diálogo na esperança de encontrar uma pista, qualquer resquício de. (?) que tivesse passado despercebido.


Mas tenho aprendido que o silêncio é também um instrumento de resposta. Talvez não seja dos mais delicados, mas, sem dúvida, é dos mais sinceros.


Essa aprendizagem é comparável e um processo de desintoxicação. Espera-se uma resposta como que espera pelo objeto do vício e, quando ela não vem, é com ansiedade que se procura pelos meios de obtê-la. Venha ela como vier - seja uma mentira, uma desculpa,..., até mesmo uma vírgula parece ser mais dotada de significados que o silêncio. Mas há que se sobreviver ao período de abstinência de palavras.


O grande problema do silêncio é que ele comporta um infinidade de significados. 

Porém, é necessário compreendê-lo. Ou, mais do que isso, deve-se respeitá-lo. (Escrito por mim em 06.01.08)

Um comentário:

  1. Claro, se olharmos apenas o lado bom do silêncio...

    O silêncio não comporta apenas respostas, junto dele vem dúvidas e incertezas, por exemplo.

    O silêncio é bom pra quem quer fugir, não quer mais tocar no assunto. O silêncio é bom pra quem acha que tudo já foi dito.
    O silêncio nunca é bom pra quem ainda quer falar, pra quem ainda acha que há assunto, há algo para ser dito.

    O Silêncio é como um não cruel, pois só enxergamos a negação, sem ter como reagir, debater, argumentar.

    Silêncio não se respeita, silêncio se aceita. Afinal, se um dos envolvidos ainda acha que tem algo a ser dito, e o outro simplesmente acha que não e opta pelo silêncio, o que houve? Respeito ou Aceitação? Qual escolha teve aquele que ainda queria falar?

    Claro que, depois de tudo isso, ele funciona mesmo como um processo de desintoxicação. E a partir daí, quem sofreu com o silêncio começa a colher seus frutos... Mas isso é uma outra história.

    ResponderExcluir