terça-feira, 21 de setembro de 2010

CABEÇA, CORAÇÃO

Texto de :Lydia Davis

Coração chora.

Cabeça tenta ajudar coração.

Cabeça explica mais uma vez ao coração como são as coisas:

Você vai perder todas as pessoas que ama. Todas elas irão embora. Mas até a terra irá embora, um dia.

Então coração se sente melhor.

Mas as palavras da cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.

Coração é muito novo nessa história.

Quero ter eles de volta, diz coração.

Cabeça é tudo o que coração possui.

Socorro, cabeça. Socorra o coração. 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ensaios sobre a desilução - conto 1

(O texto começa com Wagner e o tema de Tristão e Isolda).


Era ela e ele dans la vie. Aonde quer que ele fosse, ela iria. Qualquer que fosse a vontade dele, seria também a dela. Seriam felizes assim.

Mas quis a vida que tudo fosse diferente...

Mas, antes de tudo, era ele e suas feições responsáveis. Era ela, o frescor de sua juventude e toda pureza de seus sonhos. Ah... eram os planos de Deus, a perfeição da Criação cumprindo o que já havia sido traçado desde a eternidade. Mactub!

A amizade fácil surgiu da oportunidade de estarem juntos. Da amizade, o desejo e cada encontro deles era de parar o mundo. Havia dificuldades, contudo, também havia a teoria de que era assim que os relacionamentos eram edificados.

Quisera eu poder escrever diversos parágrafos sobre esta história. Linhas e linhas de variações. Mas a história deles foi destas que se encontra em cada esquina. Uma história divida em dois tempos e só. Havia o céu e depois houve o inferno – além disso, nada mais.

Quisera eu ter entendido o que de fato ocorreu no abismo que separa estes dois tempos, mas foi assim: um dia ele lhe falou sobre seu engano. Não que o amor lhe tivesse acabado, mas havia o mundo. O mundo era feito de realidade e o tempo para o sonho já era finito

(La traviata Prendi quest'é l'immgine de' aos 3:20 min.)

E esta foi a primeira experiência deles com a desilusão.

sábado, 4 de setembro de 2010

Ser feliz, apesar de.

Que as juras de amor têm prazo de validade, isso todo mundo já sabe. Elas são válidas enquanto durar o estoque de amor no coração do que promete (e esse estoque pode até durar por uma vida inteira). Mas e a felicidade? Porque o que se vê são crianças cada dia mais serelepes e adultos cada dia mais infelizes. Crise dos 30, dos 40, dos 50,... Até que chega uma fase em que ânimo para ter  crises se tem.

Há que se ter sabedoria para entender que a velhice - que nem sempre é sinônimo de maturidade - pode sim nos trazer dádivas preciosíssimas. É verdade que, com o tempo, perdemos saúde, beleza (dentro do status quo), nos desiludimos, nos frustramos, percebemos que podemos esperar QUALQUER coisa um ser humano. Às vezes é deserperador perder o direito às certezas. Às vezes as certezas que temos são mais desesperadoras ainda.

Mas, diante do desânimo de existir, há que se encontrar motivação que nos faça viver FELIZES. Sejam nossos valores, nossos sonhos ou nossos queridos: é necessário encontrar pontos de equilíbrio que nos impulsione, não só a viver, mas a viver bem.

Por que não lembrarmos da capacidade que temos de desenvolver a nossa espiritualidade? Pode-se fazer um trabalho voluntário, aproveitar cinemas ou partidas de futebol numa tarde de domingo, aprender um novo idioma, viajar. Só não se pode viver por viver, não faz sentido.

Que o prazo de validade da nossa felicidade seja enquanto durar o nosso estoque devida. (Amém).


Obs.: Ontem entrevistei uma senhora de 66 anos que me garantiu que era feliz. Era uma matéria sobre analfabetismo e ela estava a prendendo a ler e a escrever. Quando eu crescer, quero ser igual ela.