quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quando a Felicidade bate

Uma felicidade violenta invadiu a minha casa. Chegou arrombando a porta, destruindo a fechadura, as trancas, os ferrolhos. Pôs abaixo, de uma só vez, tudo o que impedia a sua entrada.

Quando a vi chegar -  assim altiva, furiosa - tive medo. Assustado, tentei me esconder debaixo do balcão da cozinha, atrás da pia do banheiro, no vão do armário do quarto. Não adiantou.

A Felicidade me pegou desprevenido, a ladina. Ouvia Clube da Esquina, chorava velhas mágoas. Ela não quis saber.

Ela não quis saber. Chegou como um tufão. 'Deu' na minha cara. Perguntou se doeu. Bateu mais forte. E outra vez. Mais uma. (A esta altura eu já gostava). Esfregou minha cara em seus pés e me fez lamber o chão que pisava.

Não tive como resistir. Indefeso, entreguei-me como a um carrasco. Deixei que me puxasse pelos cabelos e me arrastasse mundo afora.

Submisso.

A Felicidade me dominou de tal forma que hoje não vivo sem ela. Desejo cada instante de suas tortuosas delícias. Noite e dia almejo seu açoite.

Escravo.

Obedeço cada ordem que ela, autoritária, me impõe.

3 comentários:

  1. Oi... pq vc não faz um twitter? ia ser bem legal ler palavras bonitas como as suas por lá...

    fico na espera de resposta!

    Roberto.

    ResponderExcluir
  2. Olá Roberto! Obrigada! Já podes me adicionar no Twitter: @biancaleao . Um abraço!

    ResponderExcluir