A parte menos densa do líquido emergiu à superfície do copo. A bailarina saltou. A poeira subiu na estrada.
Neste mesmo instante, os pés dela perdiam o contato com a madeira áspera do trampolim. Seu corpo seguia em direção ao céu e, logo em seguida, a menina experimentava a força irreversível da queda. Sentia o vento esticar os seus cabelos, arrepiar seus poros e correr dentro de sua barriga. Vertigem.
Ela se encontrava no momento que precedia o mergulho. Antes mesmo que a ponta de seus dedos tocasse a superfície e abrisse caminho para que seu corpo espalhasse o volume de água correspondente a ele. A moça estava exatamente no instante anterior à estabilidade e esperava por ela como quem tem pistas de um mistério a ser desvendado, um quebra-cabeça quase montado ou um texto semi-pronto.
O rio seguia o seu curso. A chuva cumpria seu ciclo. Na natureza, tudo se renovava. Ela aguardava.
OBS.: Foto retirada do site foto.limao.com.br
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