terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mulheres (e Homens) Possíveis

Minha mensagem de Feliz 2010, na verdade, não é minha. É da jornalista e escritora Martha Medeiros. Apesar de destinada às mulheres, ela também tem muito o que ensinar aos homens.Que este ano nós possamos ter tempo para ser feliz, para fazer besteirinhas, para ficar em casa falando bobagens e rindo... Vamos praticar o desapego às coisas e celebrar a nossa imperfeição e a de nossos queridos. Tolerância: tim tim!

MULHERES POSSÍVEIS...


'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.


Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo.
Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.

3 comentários:

  1. Adorei o texto. Precisamos acreditar que há um certo charme em não ser o primeiro em tudo. Ser mediano, não quer dizer ser pequeno.

    Bjs

    Alexandra

    ResponderExcluir
  2. Oieee Bianca!!
    Valeu pelo coment. Seu blog também é legal :D

    Pessoas falando do que sentem é sempre bom pra lermos principalmente quando nos indentificamos com o que está escrito! Admito que nao vinha acompanhando muito, até porque vc tbm nao é uma postadora rotineira, e isso que deixa legal, posts qnd dá vontade! Mas lí ele na epoca que vc abriu e agora dinovo! ("Tá mas, e daí?" dai que é legal saber que alguem le o que agente escreve. Entao saiba. Eu leio. haha)

    Apesar de seu blog ainda estar com tom meio feminino (por falar das seu jeito de pensar especifico e nao geral, seria obviamente assim) tem coisas nele que concordo e me identifico! E isso é o legal! O post sobre ser BOBO é o melhor pra mim!
    haha

    Bjao.

    Ah e sobre esse post, prefiro quando voce escreve!

    ResponderExcluir
  3. Bi, acabei "meio que sem querer"me deparando com teu blog, que está muito bom.PARABÉNS!

    ResponderExcluir